Com a evolução dos cuidados de saúde para tratamentos cada vez mais personalizados, as informações que descrevem as características, preferências e hábitos dos pacientes não são mais apenas dados estatísticos, como eram considerados no passado, mas representam noções fundamentais que servem para delinear os perfis dos pacientes habituais de um centro médico ou dos potenciais.
Conhecer as necessidades dos pacientes é crucial para uma experiência de qualidade. Estratégias empresariais devem incluir isso para serem competitivas. Diferenciar a oferta é vital, pois pacientes têm características distintas. As necessidades variam entre faixas etárias, impactando a satisfação. Antes, a saúde focava em pessoas acima de 50 anos, subestimando os jovens. Agora, é preciso alcançar os Millennials.
O termo “Millennials” refere-se à geração nascida entre 1981 e 1996, também conhecida como Geração Y. De acordo com dados de 2023, o Brasil conta com cerca de 216,3 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 25,33% (ou cerca de 50,8 milhões) pertencem a essa geração.
Durante anos, os Millennials foram considerados uma geração “difícil de compreender”. No entanto, hoje formam a maior parte da força de trabalho global. Valorizam estabilidade financeira, propósito profissional, boa qualidade de vida, causas sociais e têm domínio absoluto das tecnologias digitais — fatores que influenciam diretamente suas escolhas de consumo, inclusive na área da saúde.
Antes, os serviços de saúde focavam em gerações mais velhas, enquanto os Millennials não demonstravam grande preocupação com sua saúde. Isso mudou: com essa geração alcançando a meia-idade, o setor não pode mais ignorar sua influência.
Para atrair esse público, é essencial entender suas características, expectativas e comportamentos. Abaixo, estão as 6 principais:
Alta expectativa de qualidade
Crescidos em um ambiente digital e competitivo, os Millennials esperam um serviço de saúde eficiente, fluido e de qualidade. Quando frustrados, buscam alternativas sem hesitação.
Nativos digitais e adeptos da tecnologia
Conectados em tempo integral, usam internet e dispositivos móveis para tudo — inclusive serviços médicos. Sites responsivos, agendamento online, videochamadas e apps são básicos, não diferenciais.
Engajamento com causas sociais
Valorizam marcas com propósito. Centros médicos que demonstram compromisso com diversidade, sustentabilidade e inclusão ganham sua confiança — desde que o discurso seja autêntico e comprovado com ações.
Busca por custo-benefício claro
Marcados por instabilidade econômica, querem entender o valor antes de pagar. Transparência nos preços e serviços acessíveis, como telemedicina, são diferenciais decisivos.
Imediatismo e agilidade
Influenciados pela cultura do “on demand”, esperam respostas rápidas, agendamentos simples e canais de comunicação diretos. A reputação online e avaliações de outros pacientes influenciam fortemente sua escolha.
Preferência por conteúdos relevantes e curtos
Com espírito crítico e educação superior, rejeitam publicidade invasiva e preferem conteúdos curtos, informativos e que gerem valor. Passam mais tempo online do que em meios tradicionais, exigindo uma estratégia de marketing digital específica.
A Clínica Conecta Saúde, localizada em São Paulo, redesenhou completamente sua experiência digital após perceber uma queda no engajamento com pacientes mais jovens. A clínica investiu em:
- Um aplicativo próprio para agendamentos, notificações e acesso a resultados de exames;
- Implantação de consultas por videochamada com preços acessíveis;
- Conteúdo educativo no Instagram e YouTube com dicas rápidas de saúde preventiva;
- Parcerias com ONGs de saúde mental e diversidade, comunicadas com clareza no site e nos ambientes físicos da clínica.
O resultado? Em apenas 8 meses, a clínica aumentou em 34% os atendimentos da faixa etária entre 27 e 40 anos e teve um salto de 52% no engajamento em redes sociais. A satisfação do paciente cresceu, especialmente entre os Millennials, que relataram se sentir “compreendidos” e “respeitados como consumidores exigentes”.
Os Millennials são protagonistas na saúde, moldando novos padrões de consumo. Ignorá-los é perder relevância. Adaptar-se às suas expectativas é essencial para a sustentabilidade das instituições de saúde. Estudar essa geração é estratégico para entender e antecipar mudanças no setor, pois seu comportamento antecipa demandas futuras.